Para um tipo de formação que produza resultados reais
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Essas técnicas precisam ser ensinadas bem.
Na minha experiência, vi que quando essas técnicas não são ensinadas com a qualidade necessária, o aluno chega à conclusão de que elas não funcionam, ou que ele mesmo não funciona da maneira correta.
No início de minha carreira como formador costumava organizar, em conjunto com os meus colegas da época, cursos com um número elevado de participantes. De 30 a 40 e até 50 pessoas ao mesmo tempo e na mesma sala de aula. Havia um formador na frente da sala, em pé sobre um palco e com um microfone, em um curso na fórmula “imersão total” por três dias consecutivos; depois, algumas aulas colocadas no mês seguinte e, enfim, a conclusão.
Os resultados obtidos com os participantes daquela época me ensinaram que este curso não pode ser realizado da mesma forma que uma conferência ou um discurso em público. Eu também entendi que a “imersão total” é uma modalidade que tem várias vantagens, mas também muitas desvantagens. Desde então, o meu principal foco mudou para o real aprendizado dos participantes em frente a mim.
O momento mais importante em um curso é aquele em que os participantes voltam para casa e aplicam as técnicas aprendidas.
É relativamente fácil (para um formador com experiência) efetuar aulas envolventes e energizantes. É muito mais desafiador tentar projetar um curso tendo em conta seus vários aspectos, para que os participantes sintam-se motivados, uma vez fora da sala, a enfrentar as dificuldades de aplicação que certamente encontrarão.
Atualmente, pode ainda acontecer de eu organizar conferências de demonstração ou aulas introdutórias com grandes audiências, mas quando eu realizo o curso real, prefiro outra modalidade.
Depois de ter aprendido essas técnicas, o aluno deve ser capaz de voltar para casa, aplicar, encontrar seus obstáculos, tentar superá-los e voltar várias vezes para a aula para apresentar seus sucessos e seus fracassos. É somente nesse momento que é possível realmente medir a qualidade do ensino. Ali, o formador pode elogiar os bons resultados e dar conselhos e nova coragem para superar as dificuldades.
Aos poucos na minha carreira eu adquiri um estilo de ensino pessoal. Eu me afastei da modalidade de desenvolvimento dos cursos com grandes salas cheias de pessoas, realizados em poucos dias, com horários intensivos e um estilo de oratória muito no estilo norte-americano. Eu acho que essa é uma modalidade que pode funcionar para outros ensinos, mas que não combina com as técnicas de aprendizagem, de memorização criativa, leitura dinâmica e compreensão, conteúdos dos cursos que organizo.
Os elementos em que decidi me concentrar são o diálogo direto com os participantes dentro e fora da sala de aula, a aplicação abundante das técnicas durante as lições (e não apenas sobre os exemplos preparados antes), a possibilidade de ensinar estas técnicas em presença e também a distância (por exemplo através de Skype ou outros programas de videoconferência), a distribuição das aulas em períodos mais cumpridos e, necessariamente, também a possibilidade de recuperar as aulas perdidas.
Entendi que para ter a certeza de levar os participantes a obter os resultados, é melhor estruturar o curso em aulas periódicas, mesmo semanais. Resolvi, então, evitar a imersão total, a menos que me seja solicitada explicitamente. Isso ocorre porque, estruturando um curso em modalidade de imersão total, haverá benefícios do ponto de vista organizacional, mas também grandes desvantagens do ponto de vista do resultado verdadeiro.
O resultado verdadeiro é um aprendizado sólido, profundo e enraizado nos participantes do curso. Muitas vezes, infelizmente, as pessoas que participam dos cursos em imersão total voltam para casa, tentam aplicar as técnicas aprendidas e param nas primeiras dificuldades. Isso ocorre devido à frustração, à falta de diálogo direto com o professor e à falta de uma sequência de aulas planejadas para ajudá-los a superar as dificuldades passo a passo.
Grande parte dos limites indicados acima se encontra também nos vídeo-cursos, nos áudio-cursos e nos livros que podem ser encontrados em livrarias ou comprados através da internet. Na minha experiência, essas ferramentas não são muito eficazes. Eu ensino essas técnicas desde 2003, então eu também poderia ter publicado um livro ou um vídeo-curso no assunto. Eu não o fiz porque eu não acho que os livros e os áudio/vídeo cursos possam ajudar suficientemente a superar as dificuldades individuais. Muitas vezes eles deixam o estudante sozinho a enfrentar a sua frustração.
E a frustração é a inimiga número um de qualquer aprendizagem.
Desde os primeiros anos da minha carreira, eu entendi que estas técnicas, infelizmente, não são adequadas para o autoestudo. Conheci poucas pessoas que, através da compra de livros ou de vídeo-cursos, conseguiram aplicar as técnicas com resultados satisfatórios.
Para aprender a aplicar essas técnicas, vale a qualidade de uma pessoa que as ensine em presença (ou videoconferência), no ritmo e nos tempos certos.